Em tempos passados, para indicar a localização da área onde hoje se situa o município de Itati, dizia-se ”Vale do rio Três Forquilhas”. Antes da chegada de colonizadores, a área era, evidentemente, habitada por povos indígenas. Tem-se notícias da existência, na localidade de Três Pinheiros, de aldeia do povo caingangue, liderado pelo cacique Aivupurã. Por outro lado, a chamada “Casa de Pedras”, situada próximo à divisa do município com Terra de Areia, é testemunha histórica da presença de uma população afrodescendente. Também lusos e luso-brasileiros fixaram-se por aqui nos tempos do Império.
A primeira metade do século XIX marcou o povoamento da região com o projeto imperial de assentamento de imigrantes alemães no Litoral Norte do Rio Grande do Sul. A proposta de criar uma colônia acabou se transformando em duas. Em meados de 1827, uma parte dos imigrantes, que tinham vindo no ano anterior para a região de Torres – RS, estabeleceu-se na área do Vale, dando origem à Colônia Alemã do Vale do rio Três Forquilhas. Mais tarde, a sede da colônia recebeu o nome de Colônia Itapeva e finalmente passou a ser chamada Itati.
A historiadora Nilza Huyer Ely, filha de imigrantes desta colônia, a partir de suas vivências e memórias, dá notícia de períodos de severas dificuldades na colônia, especialmente nas áreas da economia, saúde e educação. E Elio Eugênio Müller, que se estabeleceu em Itati no final da década de 1960, diz que as condições de vida forçaram um intercâmbio entre recém-chegados e povos estabelecidos. Imigrantes precisavam da ajuda de povos locais para aprenderem a produzir comida com cultivares para eles desconhecidos. Também o historiador Marcos Antônio Witt, descendente de famílias de Itati, se dedicou à história do Vale pesquisando sobre comerciantes e autoridades religiosas que estabeleceram contato com outras regiões do RS, principalmente de colonização alemã, como São Leopoldo. Em suas pesquisas, constatou que o Vale do rio Três Forquilhas não foi um local isolado e atrasado. Houve momentos de prosperidade e de comunicação ao longo de quase dois séculos de existência.
Em meados do século XX, uma população local já pluriétnica foi enriquecida pela chegada de famílias oriundas do Japão, que aqui formaram a Colônia Japonesa de Itati.
Pode-se dizer que a partir de então novo intercâmbio cultural se estabeleceu entre a população de Itati. Agora os recém-chegados japoneses chamavam a atenção com suas novas técnicas no trabalho agrícola. A partir de então desenvolveu-se o cultivo de hortifrutigranjeiros, além do cultivo de frutíferas que já se destacava. Em seguida a colônia japonesa colocou em destaque a produção de flores em Itati.
Itati tornou-se município através da Lei Estadual nº 10.746 de 16 de abril de 1996. Sua primeira gestão administrativa iniciou em 1º de janeiro de 2001. Assim, no decorrer de sua história, Itati, como que fazendo um contraponto aos sons e ruídos urbanos, foi se reconhecendo como uma cidade verde e calma entre o mar e a serra, com singular beleza natural, em meio a reservas florestais e áreas de preservação ambiental.
Significativo avanço no descobrimento de sua vocação foi a criação, em 2006, da COMAFITT (Cooperativa Mista de Agricultura Familiar de Itati, Três Forquilha e Terra de Areia). Erguendo a bandeira da cooperação e do protagonismo da produção familiar, resgatou simbolicamente a riqueza construída nos tempos mais difíceis dos antepassados: o reconhecimento da ajuda mútua pelo intercâmbio como forma de encaminhamento de soluções para a economia, saúde e educação. Assim, como outrora, também hoje Itati não se isola, mas, integrando rede de cooperativas, faz sua produção saudável de alimento chegar a escolas, hospitais e outras instituições em vasta região do estado.
Com o crescimento da autoestima local, Itati hoje atrai visitantes que se encantam com a tradição e a beleza natural e, no intuito do bem receber e acolher seus visitantes, Itati acaba de sediar a criação da COOTITA (Cooperativa de Turismo de Itati, Três Forquilhas e Terra de Areia).